Na
mais absoluta solidão a experiência da leitura se torna, assim, experiência de
uma viagem, obviamente não exterior mas toda interior.
Navegando
no “oceano narrativo” de um romance moderno ou de uma antiga história e no mar
das formas líricas
antigas ou modernas, percorremos, como peregrinos a nossa viagem, à procura
também de nós mesmos, e indagamos nossa própria interioridade: “Trata-se do
início de uma peregrinação espiritual, de uma viagem à descoberta de si: na
estrada o leitor terá acesso à luz que lhe revelará o próprio eu.
O
livro é um “mundo” e ao interno desse mundo se viaja, se navega, se faz
exatamente uma peregrinação”.
E
nessa peregrinação o leitor é também consciente que “os livros melhores são
exatamente aqueles que dizem aquilo que já sabemos” (George Orwell, 1984).
Por
outro lado, “Sócrates afirmava que aquilo que o leitor já conhece pode ser
vivificado só lendo”. É uma questão de sintonia e de afinidade, sem a qual fica
comprometida a compreensão dos textos literários por parte do leitor: “A
compreensão pressupõe uma congenialidade, uma sintonização, uma afinidade”.
Para
fazer isso é necessária a disponibilidade ao sentido do mistério e o contato
com a própria realidade: A mente que sabe entender a boa narrativa não é
necessariamente aquela instruída, mas a mente sempre disposta a aprofundar o
sentido da realidade através do contato com o mistério.
É
o leitor, portanto, que atribui significado, pessoal e existencial, à leitura
que ajuda a entender a si mesmo e as próprias relações com o mundo.
É
sempre o leitor que lê o sentido; é o leitor que garante ou reconhece certa
possibilidade de legibilidade num objeto, num determinado lugar; é o leitor que
deve atribuir significado a um sistema de sinais, e depois decifrá-lo.
Todos
lemos nós mesmos e o mundo ao redor para entrever o que somos e onde estamos.
Lemos para entender ou para começar a entender. Não podemos deixar de ler. Ler é quase como respirar, é a nossa função essencial. “Penso que poderia talvez viver sem escrever, mas não acredito que poderia viver sem ler”.
Lemos para entender ou para começar a entender. Não podemos deixar de ler. Ler é quase como respirar, é a nossa função essencial. “Penso que poderia talvez viver sem escrever, mas não acredito que poderia viver sem ler”.
Livro:
"Como farpas de luz" - caminho linguístico e literário na história de
Chiara Lubich no ano de 1949 - pág 36
Pedro Arfo
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