O que fazer
quando sentimos que causas emocionais que influenciam na nossa personalidade
nos bloqueiam em alguns aspectos da fé cristã? Até que ponto a psicologia e a
fé andam juntas?
Estudiosos de
várias tendências ensinam que é exatamente o relacionamento com o outro que
permite o sentido da identidade psíquica. A mente é relacional e essa relação
exige uma dinâmica de reciprocidade.
O
novo tipo de pessoa relacional é um sujeito que se doa, que se afirma no dom de
si e não no fechamento autossuficiente sobre si. A sua doação é expressão de
uma escolha livre e consciente.
A
pessoa que se doa faz a experiência cognitiva e efetiva profunda do próprio
“Eu” e daquele do outro, reconhece o outro, mas por sua vez, reconhece a si
mesmo e reafirma a sua verdadeira identidade no mesmo ato de doar. Chiara
sublinha a existência de uma forma mais evoluída e complexa de vida relacional:
a comunhão.
Ela
baseia-se num modo ulterior de viver a reciprocidade, envolve “todos” os
outros, é gratuita, não espera resposta ou recompensa, não coloca condições. É
uma reciprocidade que acolhe por inteiro a fragilidade de toda relação e a
fraqueza dos seus protagonistas, transformando esses limites em ulteriores
experiências de doação.
Para
fazer essa experiência o indivíduo deve, porém, aprender a confrontar-se com a
dor, o sofrimento, o limite.
A
intuição que admitir os limites e a porta de acesso à sua superação, não é
completamente estranha à psicologia do século passado.
O
limite se manifesta ao homem através da sua condição e história, através
daquelas experiências que incluem o risco da frustração e derrota. O limite é
vivido como dificuldade em reconhecer as diferenças do outro e a serem por ele
reconhecidas na manifestação da própria específica identidade.
Chiara
individualiza no limite da condição humana o obstáculo mais relevante na
realização de si na comunhão com o outro, mas vê na admissão dos limites a
possibilidade da sua superação, seguindo o exemplo de Jesus Abandonado.
A
psicologia contemporânea descobriu a fundamental função da relação interpessoal
na vida mental do homem, mas parece não ter ainda descoberto a relação que leva
à comunhão e é o “dom total de si” do qual ela se origina.
Pedro Arfo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Exponha sua opinião sem denegrir a honra e/ou imagem de alguém, e procure evitar comentários maldosos ou de cunho político partidário.