quarta-feira, 1 de maio de 2013

SUPERAR OS PRÓPRIOS LIMITES

O que fazer quando sentimos que causas emocionais que influenciam na nossa personalidade nos bloqueiam em alguns aspectos da fé cristã? Até que ponto a psicologia e a fé andam juntas?

Estudiosos de várias tendências ensinam que é exatamente o relacionamento com o outro que permite o sentido da identidade psíquica. A mente é relacional e essa relação exige uma dinâmica de reciprocidade.
O novo tipo de pessoa relacional é um sujeito que se doa, que se afirma no dom de si e não no fechamento autossuficiente sobre si. A sua doação é expressão de uma escolha livre e consciente.
A pessoa que se doa faz a experiência cognitiva e efetiva profunda do próprio “Eu” e daquele do outro, reconhece o outro, mas por sua vez, reconhece a si mesmo e reafirma a sua verdadeira identidade no mesmo ato de doar. Chiara sublinha a existência de uma forma mais evoluída e complexa de vida relacional: a comunhão.
Ela baseia-se num modo ulterior de viver a reciprocidade, envolve “todos” os outros, é gratuita, não espera resposta ou recompensa, não coloca condições. É uma reciprocidade que acolhe por inteiro a fragilidade de toda relação e a fraqueza dos seus protagonistas, transformando esses limites em ulteriores experiências de doação.
Para fazer essa experiência o indivíduo deve, porém, aprender a confrontar-se com a dor, o sofrimento, o limite.
A intuição que admitir os limites e a porta de acesso à sua superação, não é completamente estranha à psicologia do século passado.
O limite se manifesta ao homem através da sua condição e história, através daquelas experiências que incluem o risco da frustração e derrota. O limite é vivido como dificuldade em reconhecer as diferenças do outro e a serem por ele reconhecidas na manifestação da própria específica identidade.
Chiara individualiza no limite da condição humana o obstáculo mais relevante na realização de si na comunhão com o outro, mas vê na admissão dos limites a possibilidade da sua superação, seguindo o exemplo de Jesus Abandonado.
A psicologia contemporânea descobriu a fundamental função da relação interpessoal na vida mental do homem, mas parece não ter ainda descoberto a relação que leva à comunhão e é o “dom total de si” do qual ela se origina.


Pedro Arfo 

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