Protestante,
Thais Mello vai hospedar fieis católicos em sua casa, na zona norte do Rio de
Janeiro.
Mas, ao contrário da multidão de devotos que vai invadir as ruas da cidade por uma semana, Thaís não é católica. Adepta da Igreja Batista, uma das denominações protestantes com maior número de fiéis no Brasil, ela e sua família vão participar da JMJ hospedando em sua casa peregrinos de fora da cidade.
A
estudante de jornalismo Thaís Mello, de 25 anos, diz estar animada para a
chegada da Jornada Mundial da Juventude, evento que deve reunir cerca de 2,5
milhões de jovens católicos no Rio de Janeiro no final do mês de julho e que
vai contar com a presença do papa Francisco.
Mas, ao contrário da multidão de devotos que vai invadir as ruas da cidade por uma semana, Thaís não é católica. Adepta da Igreja Batista, uma das denominações protestantes com maior número de fiéis no Brasil, ela e sua família vão participar da JMJ hospedando em sua casa peregrinos de fora da cidade.
"Quando
eu soube da jornada e de que iam precisar de casas para as pessoas se
hospedarem, eu achei legal a ideia. Eu conversei com meus pais e eles
autorizaram", conta Thaís, que deve receber sete peregrinos em sua casa de
quatro quartos em Guadalupe, Zona Norte do Rio.
Mas ela
não é a única não católica que estará envolvida com a Jornada.
Incentivados
pelo evento, jovens muçulmanos, judeus e católicos vão promover um encontro
paralelo dois dias antes do início da JMJ, para discutir o diálogo entre as
diversas religiões.
Hospedagem
A ideia
de receber jovens católicos em sua casa surgiu após uma experiência similar que
Thaís viveu no Equador.
No ano
passado, ela foi ao país para participar de um programa de trabalho voluntário
ligado a uma igreja protestante. Entre as casas em que ficou hospedada, estava
a de uma família católica.
"Eu
fiquei primeiro na casa de uma família protestante e depois na casa de uma
família católica. Fui muito bem recebida e foi muito legal", diz.
Thaís
conta que está estudando para prestar concursos públicos, mas que já planeja
interromper a rotina dos estudos durante a semana da Jornada.
Ela disse
ainda que a ideia de hospedar os fiéis não sofreu resistência de seus pais,
também batistas.
"Meu
pai só ficou um pouco receoso porque a gente não sabe quem são as pessoas (que
ficarão hospedadas). Ele até conversou sobre isso com o pessoal (da
organização), que fez uma visita aqui em casa e o tranquilizou", diz.
Thais
acrescenta que seu pai fez apenas uma exigência: "meninos para um lado e
meninas para outro".
A
estudante afirma não ver conflito no fato de estar recebendo jovens de outra
religião em sua casa. "Apesar das igrejas (diferentes), nós somos
cristãos. Tem algumas diferenças, sim, só que a gente não tem que ficar focado
nisso, tem que focar em Deus e seguir adiante".
Diálogo
Além do
cristianismo, membros de outras religiões também vão aproveitar a Jornada para
discutir as semelhanças e diferenças entre suas crenças. No dia 21 de julho,
cerca de 150 jovens muçulmanos, judeus e católicos vão promover em um auditório
da PUC-Rio um encontro inter-religioso.
"Vai
ser como se fosse uma pré-Jornada, com uma abertura com os líderes de cada
religião", diz a católica Aline Barbosa Almeida, coordenadora
arquidiocesana da Pastoral da Juventude do Rio de Janeiro e uma das
organizadoras.
Aline
explica que o evento vai contar com a participação 50 jovens de cada uma das
religiões. Além disso, uma exposição vai trazer objetos usados nos ritos
católicos, judaicos e muçulmanos.
A iniciativa
– que não faz parte da programação oficial da JMJ - surgiu após discussões da
Juventude Inter-Religiosa do Rio de Janeiro (JIRJ), grupo que existe há cerca
de um ano e meio e reúne jovens das três religiões.
"Nós
temos muito mais coisas em comum que pontos discordantes. E mesmo naquilo que a
gente discorda, isso não significa que aquela pessoa que pensa diferente de mim
seja inferior ou superior, ela simplesmente pensa ou crê de maneira diferente e
deve ser respeitada", diz Fernando Celino, muçulmano e um dos
organizadores do evento.
Nascido
em uma família católica, Celino se converteu ao islamismo há pouco mais de sete
anos.
Coordenadora
de projetos sociais da instituição judaica Hillel, Tamar Nigri Prais afirma não
ter sentido resistência de qualquer das partes ao diálogo entre as religiões.
"Convivendo
a gente consegue ver ainda mais claro (as coisas que as religiões têm em
comum). O mais legal são o interesse no diálogo e o respeito mútuo entre as
religiões", diz.
Da BBC
Brasil no Rio de Janeiro
Atualizado
em 24 de maio, 2013 - 04:46 (Brasília) 07:46 GMT
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Exponha sua opinião sem denegrir a honra e/ou imagem de alguém, e procure evitar comentários maldosos ou de cunho político partidário.