Primeiro
e essencial lugar de aprendizagem da esperança é a oração. Quando já ninguém me
escuta, Deus ainda me ouve.
Quando
já não posso falar com ninguém, nem invocar mais ninguém, a Deus sempre posso
falar.
Se
não há mais ninguém que me possa ajudar – por tratar-se de uma necessidade ou
de uma expectativa que supera a capacidade humana de esperar – Ele pode
ajudar-me.
De
forma muito bela Agostinho ilustrou a relação íntima entre oração e esperança.
Ele define a oração como um exercício do desejo. O homem foi criado para uma
realidade grande ou seja, para o próprio Deus, para ser preenchido por Ele.
Mas, o seu coração é demasiado estreito para a grande realidade que lhe está
destinada. Tem de ser dilatado.
Depois
usa uma imagem muito bela para descrever este processo de dilatação e
preparação do coração humano. “Supõe que Deus queira encher-te de mel (símbolo
da ternura de Deus e da sua bondade). Se tu, porém, estás cheio de vinagre,
onde vais pôr o mel?” O vaso, ou seja o coração, deve primeiro ser dilatado e
depois limpo: livre do vinagre e do seu sabor. Isto requer trabalho, faz
sofrer, mas só assim se realiza o ajustamento àquilo para que somos destinados.
Apesar
de Agostinho falar diretamente só da receptividade para Deus, resulta claro, no
entanto, que o homem neste esforço, com que se livra do vinagre e do seu sabor
amargo, não se torna livre só para Deus, mas abre-se também para os outros. De
fato, só tornando-nos filhos de Deus é que podemos estar com o nosso Pai comum.
Orar
não significa sair da história e retirar-se para o canto privado da própria
felicidade. O modo correto de rezar é um processo de purificação interior que
nos torna aptos para Deus e, precisamente desta forma, aptos também para os
homens.
Pedro Arfo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Exponha sua opinião sem denegrir a honra e/ou imagem de alguém, e procure evitar comentários maldosos ou de cunho político partidário.