Estou
procurando escutar mais e sem pressa. Tenho descoberto estupefato que no final
tenho muito que aprender na arte de escutar. Às vezes perguntou-me: a vida
pertence mais ao domínio do visível, do audível ou do legível?
Parece-me mais sensato optar pelo segundo. Na verdade, enquanto que o silêncio
de uma vida nem sempre se consegue detectar com os olhos, a invisibilidade da
vida pode sempre ser escutada.
A escuta talvez seja o sentido de verificação mais adequado para acolher a complexidade que uma vida é. Contudo, nós escutamo-nos tão pouco e, dentre as competências que desenvolvemos, raramente está à arte de escutar.
A escuta não se faz apenas com o ouvido exterior, mas com o sentido do coração. A escuta não é apenas a recolha do discurso verbal. Antes de tudo é atitude, é inclinar-se para o outro, é confiar-lhe a nossa atenção, é disponibilidade para acolher o dito e o não dito, o entusiasmo da história ou a sua dor mais ou menos ciciada, o sentimento de plenitude ou de frustração.
E fazer isto sem paternalismos e sem cair na tentação de se substituir ao outro.
Ouvir é oferecer um ombro, onde o outro possa colocar a mão, para rapidamente se levantar. Ouvir é colaborar amigavelmente num processo de discernimento cuja palavra derradeira cabe sempre à liberdade do outro.
Mas podermos ser escutados, até ao fundo e até ao fim, abre, só por si, horizontes mais amplos do que aqueles que sozinhos conseguiríamos avistar e relança-nos no caminho da confiança.
Escutar é um ato gratuidade e é um dom que precisamos sempre aprimorar. E assim sempre mais e melhor escutar os nossos irmãos.
Pedro Arfo
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