![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7v_WdXNKvDmvQRDL6MOCNv9iaVBrKEPQyy2BlB13IVIPTmtRq6AapbJqYFubPR4Y6qMppE4Gl1gk0k3WddWEn9lQlS1bkIR_pqnxDWaSMnWV2cPmGV7AZzBXuMCzWeUsTyp3oS2Gn7Z-L/s200/S%25C3%258DMBOLO+CNBB.jpg)
Com essas palavras, a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil emitiu hoje, 19 de junho, uma mensagem sobre a Conferência
Rio+20, que acontece na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de 13 a 22 de junho.
Segundo a CNBB, todos devem assumir, com coragem
e determinação, o compromisso de rever caminhos e decisões que, ao longo da
história, só têm excluído e condenado os pobres à miséria e à morte.
A Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, contribui para definir a agenda do
desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.
A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi
aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.
O objetivo da Conferência é a renovação do
compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação
do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas
principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.
Leia a mensagem abaixo:
Mensagem da CNBB sobre a Conferência Rio
+20
“O Senhor Deus tomou o Homem e o colocou no
jardim de Éden, para o cultivar e guardar” (Gn 2,15).
A Conferência das Nações Unidas Rio +20, sobre o
desenvolvimento sustentável, acolhida pelo Brasil neste mês de junho, carrega
consigo a irrenunciável responsabilidade de responder aos anseios e
expectativas mundiais em relação à defesa e promoção de toda forma de vida,
especialmente a humana, desde sua concepção até seu término natural.
A crise econômica, financeira e social por que
passam as grandes potências da economia mundial, com graves consequências para
as nações emergentes, emoldura a Rio +20. Considerada, por causa de sua
profundidade e alcance, como uma crise de civilização, esta crise “interpela
todos, pessoas e povos, a um profundo discernimento dos princípios e dos
valores culturais e morais que estão na base da convivência social”. Entre suas
múltiplas causas está “um liberalismo econômico sem regras e incontrolado”
(Nota do Pontifício Conselho Justiça e Paz sobre o sistema financeiro).
É urgente repensar nossa relação com a natureza,
que “nos precede, tendo-nos sido dada por Deus como ambiente de vida” e está à
nossa disposição “não como um lixo espalhado ao acaso, mas como um dom do
Criador” (Bento XVI – Caritas in Veritate, n. 48). Se, por um lado, como nos
recorda o papa Bento XVI, é “lícito ao homem exercer um governo responsável
sobre a natureza para guardá-la, fazê-la frutificar e cultivá-la, inclusive com
formas novas e tecnologias avançadas, para que possa acolher e alimentar
condignamente a população que a habita”, por outro, é preciso que “a comunidade
internacional e os diversos governos saibam contrastar, de maneira eficaz, as
modalidades de utilização do ambiente que sejam danosas para o mesmo” (Bento
XVI – Caritas in Veritate, n. 50).
Os bispos da América Latina e Caribe, reunidos em
Aparecida em 2007, já denunciavam: “com muita frequência se subordina a
preservação da natureza ao desenvolvimento econômico, com danos à
biodiversidade, com o esgotamento das reservas de água e de outros recursos
naturais, com a contaminação do ar e a mudança climática” (V Conferência Geral
do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Documento de Aparecida n. 66).
O cuidado com a natureza e com a vida, que nela
brota e dela depende, passa pelo reconhecimento de que é dever de todos,
especialmente dos dirigentes das nações, garantir a estas e às futuras gerações
a casa comum – o Planeta Terra – livre de toda destruição. Essa meta só se
alcançará com a subordinação do desenvolvimento econômico à justiça social, no
respeito à pessoa, à natureza e aos povos. Para tanto, é necessário que todos,
especialmente os dirigentes mundiais, assumam com coragem e determinação, o
compromisso de rever caminhos e decisões que, ao longo da história, só têm
excluído e condenado os pobres à miséria e à morte. Para a erradicação da fome
e da miséria, "não se trata de diminuir o número dos convidados para o banquete
da vida, mas de aumentar a comida na mesa”, como já nos alertou o Papa Paulo VI
(cf. Homilia de João Paulo II em Puebla, 1979).
A Cúpula dos Povos, organizada pela sociedade
civil e realizada concomitantemente à Rio +20, tem a importante tarefa de
reafirmar a responsabilidade dos dirigentes das nações pelas graves
consequências de uma opção equivocada, ao subjugar o desenvolvimento econômico
ao domínio do mercado e do lucro, desconsiderando tanto a natureza quanto a
vida e a cultura dos povos.
A Igreja no Brasil, especialmente através da
Campanha da Fraternidade, tem chamado constantemente a atenção para a
destruição da natureza provocada por um desenvolvimento econômico predatório,
alimentado por um sistema produtivo e um estilo de vida consumista, muitas vezes,
também predatórios. As consequências são, dentre outras, o desmatamento, a
contaminação e escassez da água e as mudanças climáticas. Os que mais sofrem os
impactos de tudo isso são os pobres e excluídos.
É imperioso que nos eduquemos para relações novas
e éticas com o meio ambiente. Esta é uma meta imprescindível da Rio +20, que
não deve desviar-se de sua real e concreta finalidade.
A Rio +20 indica uma resposta a essas questões
com a chamada Economia verde. Se esta, em alguma medida, significa a privatização
e a mercantilização dos bens naturais, como a água, os solos, o ar, as energias
e a biodiversidade, então ela é eticamente inaceitável. Não podemos nos
contentar com uma roupagem nova para proteger o insaciável mercado, que só tem
olhos para o lucro, configurando-se como “lobo em pele de cordeiro” ao manter
inalteradas as causas estruturais da crise ambiental.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB
espera que, da Rio +20, brote o compromisso de construção de um
“modelo de desenvolvimento alternativo, integral e solidário, baseado em uma
ética que inclua a responsabilidade por uma autêntica ecologia natural e
humana, que se fundamenta no evangelho da justiça, da solidariedade e do
destino universal dos bens e que supere a lógica utilitarista e individualista,
que não submete os poderes econômicos e tecnológicos a critérios éticos” (V
Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Documento de
Aparecida n. 474c).
Esse compromisso deve ser assumido por todos. Os
cristãos, de modo especial, movidos pela solidariedade, que gera fraternidade e
comunhão, são convocados a trabalhar pela preservação do meio ambiente e a
colaborar na construção de uma sociedade justa, ecologicamente sustentável.
Que Deus, o Criador de todas as coisas, se digne
abençoar seus filhos e filhas nesta nobre missão de “cultivar e guardar” a
terra, lugar de vida para todos (cf. Gn 2,15).
Brasília, 19 de junho de 2012
Cardeal Raymundo Damasceno
Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
FONTE: www.cnbb.org.br
Ter, 19 de Junho de
2012 16:56
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Exponha sua opinião sem denegrir a honra e/ou imagem de alguém, e procure evitar comentários maldosos ou de cunho político partidário.