Neste Domingo, 08 de janeiro de 2012, celebramos a Missa de Epifania do Senhor. Mas o que significa Epifania e o que o texto bíblico tem a nos esclarecer sobre isto?
Temos duas respostas e uma mesma explicação/catequese. A primeira é trazida pelo catecismo e a segunda, derivada da primeira, consiste na nossa reflexão/catequese sobre a festividade.
CATEQUESE 01: O que significa Epifania segundo o Catecismo da Igreja Católica?
528. A Epifania é a manifestação de Jesus como Messias de Israel, Filho de Deus e salvador do mundo. Juntamente com o batismo de Jesus no Jordão e as bodas de Caná, a Epifania celebra a adoração de Jesus pelos «magos» vindos do Oriente.
Nestes «magos», representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações, que acolhem a Boa-Nova da salvação pela Encarnação.
A vinda dos magos a Jerusalém, para «adorar o rei dos judeus», mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de David, Aquele que será o rei das nações.
A sua vinda significa que os pagãos não podem descobrir Jesus e adorá-Lo como Filho de Deus e Salvador do mundo, senão voltando-se para os Judeus e recebendo deles a sua promessa messiânica, tal como está contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que «todos os povos entram na família dos patriarcas» e adquire a « israelitica dignitas» – a dignidade própria do povo eleito.
CATEQUESE 02: Refletindo um pouco mais. O que significa Epifania para o cristão?
Epifania conforme o Catecismo é a manifestação, a aparição, o revelar-se de Deus aos homens. O curioso da Revelação/Manifestação, que é Jesus, é que ela não é transmitida a partir de qualquer relato bíblico do Natal de Jesus como o de Lucas 2, mas da visita dos Três Reis Magos.
Então, por que este relato específico de Mt 2, 1-12, da Visita dos 3 Reis Magos é quem “melhor” recorda a Epifania do Senhor?
Primeiro, precisamos conhecer os três Reis Magos.
A tradição os chama de Baltazar, Melquior e Gaspar. Dizem que um é branco, o outro, cor de jambo; o outro rei é negro.
Eles eram magos, no sentido de astrólogos e astrônomos (não havia separação destas disciplinas), o que quer dizer que não eram judeus, e sim pagãos, mas também que tinham os céus como sua fonte de saber e de verdade. Por isso, perceberam um sinal no céu, uma nova estrela que pairava constante sobre a Terra, acreditaram na profecia judaica de que o menino-Deus, “Rei dos Judeus”, haveria de nascer e foram ao seu encontro.
Também a forma como a tradição os descreve pela cor de sua pele, caracteriza-os como pertencentes a diferentes povos ou nações do Oriente. Assim, os Três Reis Magos representam todas as nações e todos os povos da Terra são igualmente convidados à Salvação (Cf.: Ef 3, 5s).
As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor! (Sl 71/72)
É fato que a Salvação foi, historicamente, primeiro ofertada aos judeus pelo Pai Abraão (Cf.: Gn 12), porém, não restrita a estes. Dessa maneira, o texto bíblico mostra que a Salvação que é o próprio Jesus (seu nome significa ‘Deus Salva’) veio para todos, todas as pessoas, povos ou nações, inclusive independente de seu tempo.
Com isto, renova-se, hoje, o papel da Evangelização da Igreja e de seus fiéis: ser estrela-guia para que todas as pessoas conheçam a pureza de Deus e percebam que Ele nasce em nossos corações, transforma-nos e nos salva.
TEMPO DE REIS E REINADOS (Mt 2, 1-12)
Interessante que o tempo em que Jesus nasce é fecundo em reis: rei Herodes, reis magos, príncipes dos sacerdotes. E as pessoas ainda ansiavam por outro.
Passemos, agora a falar um pouco sobre o rei Herodes. Herodes quando procurado pelos reis magos para saber da profecia sobre o rei dos judeus, viu em Jesus uma ameaça contra si. Mentindo, pede para que os magos revelem onde se encontrara Jesus para adorá-lo. Não tendo seu pedido atendido, Herodes mandará assassinar todas as crianças com até 2 anos de idade para se ver livre de Jesus.
Oras, um rei representa poder econômico, político e uma tradição social, todavia, antes de tudo isso, o rei, em seu símbolo, deve ser um senhor de si, sem medo, um líder nato e virtuoso. Nenhuma destas qualidades podemos encontrar em Herodes. Entretanto, a criança que nascera (Mt 2) ultrapassava todas elas. Uma talvez seja a reta razão de Herodes: uma pessoa, um povo deve possuir um único Rei que a ele se submete e confia. Afinal, ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6,24).
Herodes representa uma humanidade caída que se acha dona de si, que acredita ter tudo sob seu controle e domínio que tem medo de ser melhor e de ser rebaixada, que em tudo tem razão, que só é capaz de reconhecer no outro, uma ameaça, uma contrariedade, ou seja, Herodes é uma humanidade que não deseja mudar, que tem medo de perder o que tem, ainda que seja por algo melhor.
Portanto, toda pessoa que como Herodes não queira mudar e ser capaz de se entregar ao menino-Jesus, ainda que o encontre face à face em sua vida, não o adorará, não submeterá seu coração a Ele, outrora, fará o mesmo que Herodes: perseguirá e desejará matar o menino-Deus e todos que com ele um pouco se assemelhem.
Assumir o menino-Jesus como Rei é ser sábio como Pedro (At 3,6): “Pedro, porém, disse: Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!”.
Assumir Jesus é abrir mão das certezas de Herodes (do mundo) e ser capaz de doar o próprio Cristo.
Mesmo sendo difícil, é simples: Deus nasce em nós como no Natal, numa semente de Amor e aos poucos, com Seu jeito, sem espanto vai nos moldando, conformando-nos ao Seu Amor a ponto de nos tornar o próprio Amor como desejava Stª. Teresinha do Menino Jesus de Lisieux.
UMA CIDADE DIFERENTE
Convém recordarmos que os Três Reis Magos foram à Jerusalém saber onde haveria de nascer a Salvação.
“Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória se manifesta sobre ti. (Cf.: Is 60,1-6)”
Foram, então, orientados, a irem à cidade de Belém, na região da Judéia.
“E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo (Miq 5,2).” (Mt 2,6).
A cidade pequena e sem aparente significância é de onde surge o Rei Jesus. Um Rei sem posses, sem abrigo digno, de família pobre, é, inclusive, sem prestígio social. Como a descendência do Rei Davi (Cf.:Mt 1) que culmina em José pôde se tornar tão singela e sem importância? É de espantar como a história de Jesus começou tão humilhante, franzina e, ao mesmo tempo, trazendo a força da Esperança de Todos os Tempos.
Pois seja no passado, no presente ou no futuro, enfim, no alfa e no ômega, precisamos da certeza de que um Deus Amoroso é conosco (Cf.: Mt 1, 23). E o menino-Jesus é essa esperança, não como promessa, mas como certeza, já que Deus quis se manifestar. E é feliz, quem adora o menino-Deus!
OS PRESENTES DO MENINO-REI, MENINO-DEUS: MENINO JESUS
Ao chegarem ao local sob onde a Estrela se firmou no céu, os reis magos encontraram o menino Jesus junto de Maria e o adoraram, entregando-lhe como presentes ouro, incenso e mirra.
Mt 2,11: Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra.
Segundo o texto bíblico da Epifania do Senhor (Mt 2, 1-12). Nos três presentes se encontram o caminho da vida de Jesus e de sua paixão. O ouro marca sua realeza: o menino Jesus é Rei. O incenso, usado nas celebrações para purificação e oblação orienta para sua divindade: o menino Jesus é Deus. A mirra, perfume, indica sua paixão e morte, pois será com tal perfume que Seu corpo será preparado para o sepulcro (Cf.: Mc 15, 23; Jo 19,39).
Por outro lado, que bela simplicidade a do texto bíblico: os reis prostrados, adorando o menino-Jesus, “abrem seus tesouros” e oferecem-No. Que tesouros possuímos para oferecer a Jesus, eis a pergunta essencial para um cristão? (Não pense em respostas rápidas, óbvias e poéticas como “o nosso coração”. Talvez seja esta a resposta. Mas Reflita bem, olhe para dentro e fora de si e doe a resposta de forma concreta.).
“[...] Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou [...]. At 3,6.
Parabéns a paróquoia! Esse blog tá sendo uma catequização.
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